As delegações de Portugal e do Luxemburgo são as mais influentes no Parlamento Europeu, tendo em conta o seu peso relativo dentro deste órgão legislativo.
As conclusões estão contidas no estudo anual Índice de Influência relativo a 2020 publicado esta semana pelo VoteWatchEurope (uma entidade independente que avalia o trabalho do Parlamento Europeu).
Em termos absolutos, são os 96 eurodeputados alemães os que têm um maior impacto e são os que mais influenciam debates, dossiês e legislação. Uma conclusão óbvia, refere o estudo, porque “afinal, a delegação alemã representa mais de 80 milhões de pessoas”.
Mas considerando as delegações em pé de igualdade, isto é, de acordo com a percentagem populacional que representam no total dos cerca de 450 milhões de cidadãos da União Europeia, são os pequenos países, como Portugal (com 10 milhões de habitantes), Luxemburgo (com 600 mil) e Finlândia (com 5 milhões) os que mais se valorizam. Colocar as representações de acordo com o seu tamanho dentro da União Europeia é uma maneira de lhes fazer justiça e pôr as coisas em perspetiva, consideram os relatores do estudo.
Nesta avaliação, refere-se que os eurodeputados portugueses “subiram incrivelmente desde o anterior relatório”. E a maior explicação para este facto é que Portugal tem um número elevado de relatores-sombra em muitos dossiês legislativos importantes. “Curiosamente, mais do que em qualquer outro Estado-membro, estas tarefas legislativas estão distribuídas de forma bastante equitativa, o que dá uma noção da solidez global da delegação”.
No que diz respeito às avaliações sectoriais (ambiente, saúde, finanças, etc.), o estudo conclui que Portugal tem na área da saúde, a segunda deputada politicamente mais influente, a eurodeputada Sara Cerdas, inscrita no grupo Socialistas e Democratas. Médica de formação, Sara Cerdas, de 31 anos tem-se destacado num momento em que as questões sanitárias são de extrema relevância.
A influência política dos portugueses no hemiciclo europeu é também avaliada pelo facto de no ranking dos 100 eurodeputados mais influentes, o português José Manuel Fernandes, do grupo PPE, ser o sétimo deputado. Entre outras proezas, o Vote Watch Europe atribui-lhe o facto de ter um papel de liderança no dossiê dos recursos próprios. Este dossiê, ainda em fase de negociação política no Conselho Europeu, é fundamental para a aprovação do pacote de recuperação pós covid-19, de 750 mil milhões de euros. Para o próprio presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, os recursos próprios – ou seja, os impostos que a União Europeia irá cobrar diretamente – determinarão a sobrevivência da EU.
Os eurodeputados portugueses que mais se destacam, além de José Manuel Fernandes, são Pedro Silva Pereira, dos Socialistas e Democratas, e um dos vice-presidentes do Parlamento Europeu, e Paulo Rangel do PPE.
No fundo da tabela dos países menos influentes nas políticas europeias encontram-se a Croácia, a Eslovénia e a Eslováquia e o Chipre. Curiosamente, a Itália é o 23º país mais influente (entre os 27) apesar de ser um dos países fundadores da União Europeia.