Açúcar, gema de ovo e leite são os ingredientes usuais da quase totalidade das receitas de pudim. Mas há um item incomum que torna célebre um dos símbolos da doçaria da região do Minho, no norte de Portugal: trata-se do toucinho, ingrediente fundamental da receita do Pudim do Abade de Priscos.
A origem desse doce remonta ao século. XIX, graças a um certo Manuel Joaquim Rebelo, que foi pároco da freguesia de Priscos, na cidade minhota de Braga.
Se durante quase meio século de serviços prestados à Igreja coube a ele a missão de se compadecer de almas descaminhadas, por outro, o abade contribuiu para que se praticasse, entre os fieis, o pecado da gula. Sabe-se que o pároco, conhecido como Abade de Priscos, era hábil cozinheiro e foi criador do inusitado pudim feito com toucinho – em 2016, foi publicado em Portugal o livro “A vida e as receitas inéditas do Abade de Priscos” (de Fortunato da Câmara e Mário Vilhena da Cunha; coleção Temas e Debates / Círculo Leitores, na livraria Bertrand, em Lisboa).
Ingredientes:
2,4 quilos de açúcar
3 litros de água
240 gramas de toucinho (bacon)
60 gramas de canela em pau
3 pedaços de casca de limão
1 litro de gema de ovo
250 mililitros de clara de ovo
250 mililitros de vinho do Porto branco
Preparação:
Numa panela, coloque o açúcar, a água, o bacon, a canela e as cascas de limão. Leve ao lume até levantar fervura.
Num recipiente, coloque a gema, a clara e o vinho do Porto branco. Misture.
Após a calda levantar fervura, coe, leve o líquido a outro recipiente e acrescente a mistura da gema, da clara e do vinho do Porto.
Mexa todos os ingredientes até chegar a uma mistura homogénea.
Coloque numa forma e leve ao banho-maria em forno, à temperatura de 110 graus, por 45 minutos.
Leve para o frigorifico e sirva frio.
Braga é uma cidade com grandes atrativos e um deles é a doçaria tradicional. Muitos são os doces conventuais típicos da cidade, mas o ex-líbris é o Pudim Abade de Priscos.
Esta receita advém do Abade Manuel Joaquim Rebelo, e chama-se Pudim Abade de Priscos por este ter sido abade na freguesia de Priscos em Braga no século XIX.
Desses banquetes que cozinhava para o Rei, conta-se que um dia o Abade ter-se-á dedicado a triturar um feixe de palha para obter um polme muito fino, que usou depois em recheios e molhos numa refeição confecionada especialmente para D. Luís. No final, o rei agradado, mandou chamar o Padre Manuel Rebelo, felicitou-o e quis saber de que eram feitos determinados pratos de sabor delicioso, ao que o Abade respondeu:
“- Era palha, Real Senhor!” D. Luís muito admirado questionou: “ Palha? Então dá palha ao rei!?” O Abade baixou a cabeça e com um sorriso malicioso esclareceu: – “Perdoai, Real Senhor! Mas… Todos comem palha: a questão é saber prepará-la.”