Quando o sol não chega para ser feliz…
Eu vim para Inglaterra em outubro de 2014 através de uma oportunidade de estágio remunerado na minha área e por cá tenho continuado até à data. Na altura estava a frequentar o mestrado de Marketing na Universidade de Aveiro, e encontrava-me desempregada há praticamente um ano, quando decidi tentar procurar uma oportunidade no estrangeiro e o estágio pareceu-me a forma mais viável de começar.
Tinha conhecimento de uma entidade que promovia estágios remunerados no Reino Unido (Placement UK), por intermédio de um amigo que também tinha começado carreira no estrangeiro desta forma. Como não tinha nada a perder, decidi candidatar-me.
O contacto aconteceu praticamente de imediato, fui entrevistada por Skype quer pela entidade intermediária, quer pela empresa que me recrutou. No espaço de uma semana tinha a resposta de que uma nova experiência me aguardava daí a um mês e meio. Foi então altura de comprar a viagem (só de ida) e começar a mentalizar-me que uma nova etapa estava prestes a começar.
Eu já tinha tido a oportunidade de fazer um estágio fora antes, mas na altura foram apenas três meses e em Espanha, portanto esta experiência para mim era diferente. Já estava a contar com as dificuldades de adaptação, sobretudo por causa do clima (que é aliás o que ainda mais me custa a “engolir”), mas como se costuma dizer em bom português, “não há bela sem senão”, e a vontade de conseguir uma boa oportunidade profissional (realidade tão remota no nosso país) fez-me encarar tudo com a maior positividade que me foi possível.
No final dos seis meses de estágio já tinha conseguido o meu primeiro contrato de trabalho e desde o primeiro dia em que pisei o Reino Unido nunca estive sem trabalhar, e o que é ainda mais fantástico (sobretudo porque nos cerca de dez anos em que trabalhei em Portugal, a maior parte deles foi em tudo e mais alguma coisa menos Marketing) sempre diretamente na minha área.
Se ainda me custa, claro que sim… Se tenho saudades, muitas… Dos pais, dos amigos, de falar na minha própria língua, do café expresso que aqui não existe, da nossa comida fantástica e do sol quase diário. Mas por outro lado em Portugal paga-se um preço demasiado alto por todos esses benefícios.
Para podermos usufruir do nosso próprio país temos que abdicar de fazermos aquilo que gostamos, de ter boas condições de trabalho, de sermos tratados com respeito e consideração pelas chefias, e receber um salário acima do condigno que nos permite viver e chegar ao fim do mês sem ter que “contar os tostões”.
Se gostava de voltar ao meu país, sem dúvida que sim… Mas para já não me imagino a ter que “sobreviver” novamente com os 600€ mensais que recebia no meu último trabalho em Portugal, isto claro, antes de ter ficado desempregada em conjunto com uma série de outros colegas, porque no final dos contratos a empresa não tinha capacidade de nos passar para os quadros.
Por isso, por mais que tenha muitas saudades, voltar sim, sempre que possível, mas pelo menos para já, só mesmo de férias!