“Os campos de Greater Sunrise é um grande recurso, com cinco triliões de pés cúbicos de gás, num campo considerado de médio a grande. O consórcio está comprometido em revisitar alguns dos nossos estudos anteriores sobre o conceito de desenvolvimento para reavaliar os custos relativos e os méritos de levar o gás para a Austrália e Timor-Leste”, disse Meg O’Neill numa intervenção no National Press Club (Clube de Imprensa Nacional) em Camberra.
“Vamos analisar todas as dimensões, económicas, de custo, mas também o impacto social. E depois trabalharemos, no consórcio, com os governos, para ver qual o melhor caminho”, garantiu.
Meg O’Neill referia-se à decisão dos parceiros do consórcio, a timorense TIMOR GAP (56,56%), a operadora Woodside Energy (33,44%) e a Osaka Gas Australia (10,00%), de realizar um estudo para comparar as opções de um gasoduto para Timor-Leste ou para a Austrália e identificar o mais benéfico para os timorenses.
“Vamos analisar vários fatores, custos, riscos técnicos, riscos de execução durante esta avaliação. E o importante para os timorenses é entender o impacto para os timorenses dos dois conceitos. Faremos uma análise muito robusta e usaremos isso para informar a nossa decisão sobre o Greater Sunrise”, vincou.
“Não vai ser fácil. É um projeto complexo, caro, a solução será complexa, mas estamos comprometidos em ser o mais abertos, honestos, transparentes possível para tornar esta possibilidade uma realidade”, disse ainda.
Localizado a 150 quilómetros de Timor-Leste e a 450 quilómetros de Darwin, o projeto Greater Sunrise tem estado envolto num impasse, com Díli a defender a construção de um gasoduto para o sul do país e a Woodside, segunda maior parceira do consórcio, a inclinar-se para uma ligação à unidade já existente em Darwin.
“O projeto está no nosso portfolio há muitos anos e pensamos que tem um futuro muito auspicioso. O desenvolvimento tem sido atrasado pela sua complicada posição, na fronteira entre a Austrália e Timor-Leste, mas estou muito satisfeita pelos passos dados pelo Governo australiano para fazer avançar isto, nomeando um enviado especial, Steve Bracks, para ajudar a resolver”, vincou.
Este mês, o ministro do Petróleo e Minerais timorense, Victor Soares, mostrou-se otimista de que poderá haver ainda este ano um acordo sobre o modelo de desenvolvimento da exploração do campo de Greater Sunrise, no Mar de Timor.
“Penso que, com as circunstâncias atuais, poderemos chegar a um acordo para o desenvolvimento do Greater Sunrise até final do ano”, disse.
“Temos estado a negociar com a Austrália, um gigante, e isso não foi nada fácil. Foi um esforço gigantesco e estamos a mais de metade da trajetória. Agora a continuidade depende do próximo Governo”, afirmou.
Depois de vários anos de impasse, as negociações relativamente ao projeto do Greater Sunrise têm vindo a intensificar-se nos últimos anos, em particular com a perceção de maior flexibilidade da operadora, a Woodside, a mudança do Governo em Camberra e a nomeação de Steve Bracks, o ex-chefe do Governo do Estado de Victoria, como enviado australiano para o processo.
O contexto internacional, com crescente procura de alternativas de gás natural, favorece igualmente o desenvolvimento do projeto.
Analistas sublinham que a opção do gasoduto para Timor-Leste pode igualmente ser reforçada por um acordo entre os Trabalhistas e os Verdes australianos, com novas condições para o desenvolvimento de projetos de gás.
Esse acordo determina que futuros projetos de gás na Austrália teriam que ser ‘net zero’, tornando mais difícil a opção defendida pela empresa australiana Wooside, de ligação de um gasoduto do Greater Sunrise a Darwin, no norte da Austrália.