Para assinalar a efeméride a ABC Prodeín, a ONG responsável pelo projeto, reuniu, em Caracas, as novas costureiras e fez uma exposição de algumas das peças de vestuário que elaboraram, num evento que serviu ainda para entregar os respetivos certificados.
“Estamos a celebrar dois anos e a nossa primeira promoção. Além de criar peças de acordo com a mensagem de Fátima, a Moda Jacinta forma mulheres em situação de vulnerabilidade no ofício da costura. Primeiro demos formação a mulheres em cozinhas comunitárias e agora criámos a nossa primeira escola (de costura), com um programa de nove meses”, explicou a irmã Andreana Acevedo.
Segundo a porta-voz do projeto, “a primeira venda da Jacinta, foi para Lisboa e já conseguimos chegar a seis países”. Explicou ainda que “não é fácil exportar vestuário da Venezuela e os envios são muito caros”, precisando que há uma exposição em Portugal para quem quiser saber mais.
Um total de “94 mulheres concluíram a formação”, mas “há mais algumas que não puderam terminar o curso, por estarem em situações muito difíceis, algumas adoeceram e outras tiveram de trabalhar”, afirmou, salientando que a escolha do nome e a ligação ao santuário mariano português acabam por ser vantagens.
“As pessoas gostam muito do nome de Jacinta, embora muitas não saibam a origem até que se lhes explica”, mas “quando sabem de onde vem ou veem a fotografia da Jacinta, nas peças ou folhetos que distribuímos, apaixonam-se pela Jacinta porque é uma menina muito bonita de alma e corpo”, afirmou.
Moda Jacinta, explicou, é uma “roupa modesta”, que “procura conservar a dignidade” feminina e “quer ser uma escola de virtudes, o princípio de desenvolvimento integral para muitas mulheres”.
“Esperamos chegar ao mundo inteiro e transformar a vida de muitas pessoas, sobretudo perante Deus, e a mensagem de Nossa Senhora de Fátima, que é transcendental para o mundo, para a história da humanidade”, frisou, sublinhando que “temos de viver as virtudes, que é o que nos embeleza como pessoas” e que “a modéstia é uma virtude que se perdeu na humanidade e queremos colaborar para a recuperar”.
As peças destacam-se pela qualidade, por ser quase artesanais, com uma pequena percentagem de reciclagem e bons acabamentos: “além disso, ao comprar estás a colaborar com um projeto que está a ajudar muitas mulheres a melhorar as suas vidas”.
Brigitte Duplat, da embaixada de França em Caracas, explicou que o projeto começou com o apoio daquela representação diplomática, através do programa Piscca. “A maioria delas são mulheres que têm sido, infelizmente, vítimas de violência, que tiveram histórias de vulnerabilidade. A ideia é dar-lhes as ferramentas para serem independentes, para que possam criar as suas famílias, para que tenham um ofício que lhes permita trabalhar independentemente”, acrescentando que “este projeto tem um enorme impacto social que é difícil de medir neste momento”.
Por outro lado, a desenhadora de moda e professora lusodescendente, Adúlia Alves, explicou que “as raparigas começam do zero, sem saberem confecionar, sem saber nada de moda”.
Por isso, “é um processo longo, mas depois veem os frutos, as roupas que fazem orgulhosamente. Elas próprias escolhem os tecidos, fazem os modelos e eu digo-lhes o que lhes fica bem em cada corpo. Algumas até saem com trabalho”, explicou.
Também ficou muito surpreendida ao ouvir falar do projeto, porque “tem raízes portuguesas, é grande devota de Nossa Senhora de Fátima”.
Sublinhou ainda o afeto das alunas, mulheres “bastante humildes” de quem “aprendeu muito”, porque “às vezes queixamo-nos na vida, e quando estamos com pessoas humildes, que não têm dinheiro, que dão o que não têm, isso nos comove e eu acredito que Deus está a dar-me uma lição, a de que não nos podemos queixar, que devemos estar gratos todos os dias”, disse.