Muitos autarcas têm desempenhado um papel de grande relevo na ligação entre as comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo e os seus municípios. Sabem quem são os filhos da terra que emigraram e encontram-se com eles periodicamente. Mas seria importante que os municípios fossem mais longe e estabelecessem uma relação sólida, estruturada e de proximidade, criando todas as condições para atrair investimento e fazer com que ele pudesse dar frutos.
Num país que tem um despovoamento tão grande e preocupante, uma boa ligação aos que um dia deixaram a sua terra, muito particularmente os que se tornaram empresários, pode ser um importante impulso para o seu desenvolvimento económico, social e demográfico. Neste sentido, seria da maior importância que as instituições e os programas de apoio nacionais ou comunitários fossem mais abertos e considerassem a possibilidade de envolver os portugueses residentes no estrangeiro.
O facto de o Governo potenciar as ligações às comunidades através dos Gabinetes de Apoio ao Emigrante (designação que defendo deveria ser alterada), localizados nos municípios, é um fator que devia ser bem aproveitado com uma especialização dos serviços municipais de atendimento aos portugueses residentes no estrangeiro. E os municípios deviam ser mais ativos na sua ligação às comunidades emigradas e na captação de investimento, como fatores poderosos de desenvolvimento local e regional.
O país e os municípios do interior, de uma maneira geral, evoluíram muito ao longo nas últimas décadas, dotando-se de boas infraestruturas e equipamentos sociais, de lazer e parques industriais que constituem a base do desenvolvimento e do bem-estar. Porém, muitas vezes falta-lhes população e investimento, um e outro indissociavelmente ligados. O investimento fixa e atrai população. E as empresas criam postos de trabalho e geram a riqueza indispensável para atrair mais população e projetos empresariais. Mas é claro que as regiões também precisam de políticas públicas ambiciosas para inverter o dramático despovoamento e declínio demográfico a que estão sujeitos.
Uma das coisas fundamentais, seria que as intenções de investimento fossem efetivamente acompanhadas, em colaboração com o Gabinete de Apoio ao Investidor na Diáspora, na dependência da Secretaria de Estado das Comunidades, fazendo tudo para apoiar esses projetos desde a sua apresentação até à plena implementação, eliminando a burocracia e os entraves desnecessários e prejudiciais à reputação do município. E todos os projetos de investimento devem merecer a maior atenção, sejam de pequena ou de grande envergadura. Isto faz parte de uma imagem positiva que é fundamental para se ganhar reputação e atrair por arrastamento novos investimentos.
É preciso que os municípios despertem plenamente para esta realidade e tirem dela todo o proveito, satisfazendo ao mesmo tempo uma necessidade de reconhecimento e valorização que os portugueses residentes no estrangeiro têm de uma forma tão enraizada e profunda.