O novo portal da Casa da Arquitectura, apelidado Edifício Digital, abriu as portas ao mundo em Matosinhos, com o objetivo de democratizar o acesso de investigadores e estudantes, de forma gratuita, a acervos para já de vários nomes de referência da arquitetura luso-brasileira, incluindo dois prémios Pritzker.
O novo Edifício DigitalCasa da Arquitectura
O primeiro-ministro de Portugal António Costa e o Pritzker 2011 Eduardo Souto de Moura apoiaram o lançamento deste novo portal. Ambos apontam a uma maior presença europeia e até africana na plataforma de arquivo, agora disponível a partir de qualquer parte do mundo. A Casa, no entanto, está para já mais orientada para Oriente.
O Edifício Digital é uma versão virtual da própria Casa da Arquitectura. É um projeto “vivo” e que pretende crescer. “Estamos abertos a acervos de qualidade de arquitetos de diversas geografias. Estamos atentos. Neste momento, do ponto de vista das coleções territoriais, a Casa da Arquitectura está a olhar para o Oriente”, revelou à Euronews o diretor-executivo da entidade, Nuno Sampaio.
O também arquiteto acrescenta estar “a trabalhar para a constituição do acervo coletivo de uma geografia específica”, mas deixando para momento oportuno a divulgação concreta desse novo passo da Casa da Arquitetura.
Um dos nomes mais emblemáticos entre os acervos “residentes” em Matosinhos é o de Eduardo Souto de Moura. O prémio Pritzker 2011, o equivalente a um Nobel da arquitetura mundial, disse, em exclusivo à Euronews, haver “uma hipótese de um grande arquiteto espanhol” se juntar ao arquivo da Casa, mas deixou entender ser necessário haver “melhores meios”, o que parece estar a surgir.
“O primeiro-ministro veio cá, é um bom sinal para nos podermos internacionalizar mais na recolha desses espólios. Europeus, para já, e africanos, se calhar”, perspetivou o também Leão de Ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza, em 2018, e colaborador informal da Casa na promoção do arquivo digital de acesso gratuito.
Confrontado com as palavras de Souto de Moura, o diretor-executivo da Casa da Arquitectura esclareceu-nos, no entanto, que, “a médio prazo” e “do ponto de vista estratégico”, a Casa “não tem ainda em África um projeto coletivo de criação de acervo”.
As declarações do Pritzker 2011 surgiram escassos minutos depois de o primeiro-ministro de Portugal ter referido o desejo de ver este Edifício Digital da Casa da Arquitectura tornar-se na “morada” de arquitetos de “outras geografias” para lá dos nomes incontornáveis luso-brasileiros já com os acervos a “residir” em Matosinhos.
“O facto de haver este edifício digital e de os acervos aqui depositados e tratados poderem ser acessíveis a partir de qualquer parte do mundo abre a oportunidade para que arquitetos de todo o mundo também depositem aqui o seu espólio. Temos aqui dois grandes arquitetos brasileiros, Lúcio Costa e Paulo Mendes da Rocha”, sublinhou António Costa, um confesso “amigo” da Casa da Arquitectura.
As portas do Edifício Digital foram abertas, na semana passada, numa cerimónia conduzida pelo arquiteto Nuno Sampaio, diretor-executivo da Casa da Arquitectura.
O novo portal assume uma estrutura virtual de três “pisos”: no primeiro há uma nova loja online, onde se podem adquirir materiais únicos; no topo, pode ser consultada toda a atividade na Casa e realizar visitas virtuais às exposições ali realizadas desde 2019; no meio está a virtude, isto é, o novo espaço nobre da Casa, com vista para dezenas de milhares de documentos doados ou depositados num arquivo agora acessível de qualquer parte do mundo.