No ponto de passagem de Valença, onde, segundo dados do SEF, atravessam diariamente em média 20 mil veículos, a fiscalização já permitiu aferir a entrada de grupos que vão instalar-se nas várias dioceses, na semana anterior à JMJ, além de emigrantes e de pessoas de múltiplas nacionalidades em férias. Nas primeiras 12 horas de operação, que envolve à volta de duas dezenas de operacionais do SEF e GNR, apenas se registaram algumas situações relacionadas com falta de documentação.
“Está a correr bem. Estamos a ser bem acolhidos, sem criar um clima menos amistoso. São pessoas que vêm para férias, temos alguns emigrantes a retornar já e algumas comunidades a dirigirem-se para a diocese onde vão desenvolver esta primeira semana da pré-jornada”, informou no local o capitão Ilídio Barreiros, da Unidade de Controlo Costeiro (UCC) da GNR, dando nota de grupos de participantes na JMJ a entrar em Portugal que “fizeram o planeamento mais cedo para reduzir os custos”.
O significativo fluxo de estrangeiros também foi assinalado. “Já recebemos muitos. A nacionalidade é muito variável. Italianos, belgas, franceses, muitos espanhóis, necessariamente, dos EUA, Guatemala, Áustria, Alemanha, República Checa…há muitos jovens”, descreveu, indicando a presença de “sul-americanos que estão a fazer a viagem via aérea para Madrid e depois pela rodovia para Portugal”. “Já era expectável este aumento do fluxo rodoviário”, comentou.
Quanto a infrações, Ilídio Barreiros aludiu “a uma situação de uma cidadã italiana indocumentada”, que viajava num autocarro, mas que foi “regularizada facilmente”.
Manuela Martins, de 47 anos, motorista de pesados de passageiros há 22, foi parada na fronteira, quando circulava com 50 estrangeiros a bordo. Vinha de Santiago de Compostela em direção ao Porto. “Acho que deviam fazer mais operações destas. Aqui e nos carros ligeiros, por causa da entrada em Portugal de cidadãos de várias nacionalidades”, disse, enquanto SEF e GNR inspecionavam o autocarro cheio de turistas “brasileiros, ingleses e espanhóis”.
De Vigo, Espanha, Bernardo Fernandez e Carmen Velozo atravessaram a fronteira este sábado para “dar uma volta pela praia” em Portugal, durante quatro dias numa autocaravana. “Vamos aproveitar porque em Espanha, terça-feira é feriado, mas esperamos que não haja muito controle. Já sabemos que o Papa vem a Portugal, mas não gosto nada de controlos”, desabafou Bernardo, comentando que esta reposição de fronteiras “vai afetar o turismo”.
O inspetor-chefe do SEF Henriques Pereira, que integrou o dispositivo nas primeiras horas, fez um balanço positivo da ação na fronteira de Valença, assegurando que “não houve nenhuma situação anormal”, apenas um caso ou outro de pessoas sem documentos.
“A nossa função é garantir a segurança. Queremos manter-nos um país calmo e seguro, e estas são medidas compensatórias que, apesar de o controlo da fronteira não ser permanente, servem para diminuir o grau de eventuais ameaças”, afirmou, recordando que Valença “é a fronteira que mais entrada de viaturas tem no país”. “Há muito trânsito transfronteiriço e vemos gente que vem de outros países passar férias a Portugal”, concluiu.