Na sexta-feira, foi na Câmara Municipal de Lille que a homenagem ganhou um novo significado.
Bruno Cavaco, Cônsul Honorário de Portugal em Lille e o gabinete da Comissão France-Portugal Hauts-de-France estiveram presentes para a muito simbólica e comovente inauguração da Arca oferecida por Portugal à cidade de Lille e para observar a decoração da cidade da Ordem da Torre e Espada.
Esta homenagem foi programada no âmbito da visita dos dois Deputados ao Parlamento português eleitos pelos portugueses do estrangeiro, no círculo eleitoral da Europa – Nathalie de Oliveira e Paulo Pisco. Para Nathalie de Oliveira, a recém-eleita primeira lusodescendente, foi a primeira visita à região.
Realizou-se um encontro entre Jérôme Pianezza, Vice-Presidente da Câmara de Lille responsável pela luta contra a discriminação e relações internacionais e europeias, Bruno Cavaco e os dois Deputados.
Durante o encontro informal falou-se em intercâmbios entre Portugal, a Região e sobretudo a cidade de Lille, sendo a vontade das partes ir mais longe, com a cooperação entre França e Portugal. O desejo está aí, uma ideia a ser desenvolvida e concretizada.
Seguiu-se a abertura do cofre, muito simbólica para todos os presentes. Momento comovente, como o vivido por Mário Soares durante a sua visita a 19 de março de 1976. Depois de abrir o baú e desfraldar a magnífica bandeira portuguesa que dele sai em ocasiões excecionais – 6 vezes ao nosso conhecimento desde 1920 – pronunciou-se Jérôme Pianezza, Paulo Pisco, Nathalie de Oliveira e Bruno Cavaco. O serviço protocolar serviu uma bebida amigável às personalidades presentes. Um belo momento de troca.
Depois da Câmara Municipal de Lille, foi no restaurante ‘Mercado Negro’ que se continuou um momento de troca, na presença de muitas ‘forças vivas’ portuguesas e representantes das Câmaras Municipais, momento importante que permitiu pôr em contacto políticos, empresários, artistas, membros de serviços culturais, que, sem essas reuniões, trabalham individualmente de cada lado, sem se conhecerem. Momento em que dizemos a nós próprios que os lusodescendentes ocupam um lugar mais importante no país de acolhimento dos seus pais, o seu país, a França.
Sábado de manhã, as cerimónias oficiais começaram pelas 11h00 no Cemitério Militar Português de Richebourg, debaixo de chuva no início, recordando-nos as dificuldades da guerra, os sacrifícios dos 1.831 soldados portugueses que perderam a vida e que estão enterrados lá.
A Batalha do Lys é uma batalha inicialmente perdida pelos portugueses, porém, há derrotas que contribuem para vitórias. Não celebramos as derrotas, não celebramos as vitórias, celebramos a memória de todos aqueles, de ambos os lados, que sofreram as atrocidades da guerra.
As cerimónias do 105º aniversário da Batalha de La Lys, em Richebourg, começaram com uma cerimónia religiosa em memória daqueles que, tombados em combate durante a Grande Guerra, deram a vida pela Liberdade, Justiça e Paz.
Seguiu-se a colocação de coroas de flores pelo Secretário de Estado da Defesa Nacional, Marco Capitão Ferreira, em representação do Ministro da Defesa Nacional; o Embaixador de Portugal em França, José Augusto Duarte; Tenente-General António Martins Pereira, Comandante do Instituto Universitário Militar, em representação do Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas de Portugal; Tenente-General Joaquim Chito Rodrigues, Presidente da Ligue des Combattants; Tenente-General da Aeronáutica Paulo Mateus, representante militar de Portugal junto da NATO e da UE, General-de-Brigada Luís Camelo, Representante Militar Nacional junto do Comando Aliado para as Operações da NATO; mas também de Eddie Bouttera, Subprefeito de Béthune, em nome do Prefeito de Pas-de-Calais; por Bruno Bilde, deputado por Pas-de-Calais, Amel Gacquerre, senador por Pas-de-Calais; de Cathy Apourceau Poly, senadora de Pas-de-Calais; Mady Dorchies-Brillon, Conselheira Regional encarregada da Memória, em nome do Presidente da Região Hauts-de-France; de Raymond Gaquere, Prefeito de La Couture e Conselheiro Departamental, em nome do Presidente do Conselho Departamental de Pas-de Calais; de Jérôme Demulier, prefeito de Richebourg; o Presidente e eleitos da CABBALR e Luís da Costa, em nome do Presidente da Câmara Municipal de Roubaix. em nome do Presidente do Conselho Departamental de Pas-de Calais; de Jérôme Demulier, prefeito de Richebourg; o Presidente e eleitos da CABBALR e Luís da Costa, em nome do Presidente da Câmara Municipal de Roubaix. em nome do Presidente do Conselho Departamental de Pas-de Calais; de Jérôme Demulier, prefeito de Richebourg; o Presidente e eleitos da CABBALR e Luís da Costa, em nome do Presidente da Câmara Municipal de Roubaix.
Também associações colocaram coroas de flores, incluindo o Comitê France Portugal Hauts-de-France; CCPF; a Liga dos Combatentes; Associação Lilles Fighters e Associação Memória das Migrações
Após o minuto de silêncio durante o qual o pensamento esteve com aqueles que souberam unir esforços, e lutaram para que hoje possamos gozar da paz, foram interpretados os hinos nacionais de França e Portugal. Seguiu-se a intervenção do Presidente da Liga dos Combatentes de Portugal, General Chito Rodrigues, do Presidente da Câmara Municipal de Richebourg, Jérôme Demulier e do General do Corpo de Exército António Martins Pereira, Comandante do Instituto Universitário Militar.
As cerimónias continuaram no Monumento à Costura Portuguesa, com discursos oficiais e entrega de coroas de flores por responsáveis representantes das suas instituições militares, câmaras e associações.
No domingo, dia 16 de abril, as cerimónias começaram pelas 10h00 no Cemitério Oriental de Boulogne-sur-Mer, onde estão sepultados 44 soldados portugueses com um monumento erguido no meio deles, inaugurado em 1938.
Os oradores foram Frédéric Cuvillier, Presidente da Câmara de Boulogne-sur-mer, General Chito Rodrigues, Mady Dorchies, Marco Capitão Ferreira, Secretário de Estado da Defesa Nacional de Portugal e Dominique Consille, Vice-Prefeito de Boulogne-sur-Mer. Muitas coroas também foram colocadas.
Durante o discurso de Boulogne-sur-Mer, o general Chito Rodrigues explicou o motivo da não realização de cerimônias oficiais no Cemitério de Boulogne-sur-mer até dois anos atrás. Graças ao restauro do Monumento, é agora possível homenagear os 44 militares neste cemitério.
Chito Rodrigues mencionou a Operação Georgette (a Batalha de La Lys para os portugueses), da qual ainda não sabemos tudo. O número de mortos em portugueses é de 4.567… muito longe do número até aqui referido, graças a uma pesquisa iniciada pelo historiador Georges Viaud.
Na Operação Georgette, 50% do contingente português teria sido feito prisioneiro, morto ou desaparecido. O número de 2.654 soldados portugueses foi referido por Chito Rodrigues, de quem não há, até à data, notícias precisas.
O encerramento das cerimónias teve lugar pelas 12h00 em Ambleteuse, em frente ao primeiro monumento português construído em homenagem aos soldados portugueses da Primeira Guerra Mundial. Este monumento foi erguido pela Cruz Vermelha Portuguesa, construído junto aos hospitais militares da Grande Guerra.
Em todas as intervenções dos dois dias foi feito um paralelo com o facto de a paz ser um bem frágil, a exemplo do que se passa à nossa porta, a guerra na Ucrânia.
Seguiu-se o copo de amizade oferecido pelo município de Ambleteuse e o seu Presidente da Câmara, Stéphane Pinto, neto de um militar português da Primeira Guerra Mundial, é, ele próprio, um belíssimo símbolo da Europa, da história comum entre os dois países, os seus valores e as ligações de um passado que se prolonga no presente e que abre outras perspetivas para o amanhã.
Todos os oradores destes dois dias de cerimónias encerram os seus discursos com sinais de abertura, de cooperação a perpetuar e desenvolver.
Nas várias cerimónias estiveram presentes cadetes de todas as Forças Armadas Portuguesas, dois elementos por força. Jovens comprometidos que se preocupam com a paz, mesmo que um dia sejam obrigados a ir para a guerra em defesa de certos valores.
Jovens, o futuro da humanidade, o futuro da paz, desde que não se esqueçam do passado e dos momentos terríveis por que passou o homem, se não quisermos que volte a acontecer.