Paulo Moniz, coordenador do PSD na comissão parlamentar de inquérito à companhia aérea, disse aos jornalistas no parlamento que “na terça-feira recebemos declarações escritas de David Neeleman e Fernando Pinto que provam inequivocamente que não era absolutamente imprescindível injetar os 3,2 mil milhões de euros” na TAP em 2020.
Aproveitando especificamente as respostas dadas por David Neeleman, o deputado do PSD disse que o ex-acionista da TAP, “além de criticar a posição do governo socialista ao longo do processo”, explicou que a comissão executiva “foi impedida de negociar com Bruxelas o que foram identificadas as necessidades para fazer face ao problema da Covid[-19], entre 300 e 500 milhões de euros”.
“Resulta, portanto, muito claro desta declaração que foi uma opção estritamente ideológica, política do PS nacionalizar a TAP”, concluiu. Esta opção, prosseguiu Moniz, “custou aos portugueses 3,2 mil milhões de euros”.
“A solução encontrada em 2020, ao contrário do que sempre nos disseram, não foi uma inevitabilidade. Foi uma escolha política à custa de 3,2 mil milhões de euros dos contribuintes portugueses”, criticou.
“Se as metas fossem cumpridas em 2017, a TAP já estaria integrada num grande grupo de aviação privada, o que provavelmente é o que vai acontecer agora porque o PSD nunca se apercebeu disso no desafiante e competitivo mundo da aviação de hoje, só integrando um grande grupo de aviação pode-se sobreviver e criar escala e dimensão”, apontou.
O empresário David Neeleman disse que o governo está “obcecado com a nacionalização” da TAP, acusando o governo de “incapacidade política” e “má gestão”.
O ex-acionista da companhia aérea, que respondeu a 80 perguntas enviadas pela comissão parlamentar de inquérito à TAP, criticou a forma como os políticos portugueses têm gerido a TAP.
“Obsessão pela nacionalização, incapacidade política ou má gestão por parte do governo, só assim se compreende, por exemplo, que o então ministro das infraestruturas [Pedro Nuno Santos], num debate no parlamento português, disse com muita veemência que A TAP estava falida e que não podia recorrer à ajuda da Covid, o que naturalmente era muito prejudicial para qualquer pedido que fosse feito à Comissão Europeia”, afirmou.