Os cidadãos como motor de um novo paradigma energético – o papel das cooperativas
Já muito se escreveu e continuará a escrever sobre a necessidade ou a iminência de um novo paradigma energético. Ainda que existam visões muito diferentes do que esta mudança poderá representar, é mais ou menos evidente que os cidadãos passarão a desempenhar um papel mais relevante, seja enquanto produtores da energia de que necessitam, seja enquanto consumidores apostados em fazer um uso mais inteligente da energia que lhes é fornecida.
Mas a transformação que se vislumbra poderá ir para além do descrito acima. E se fosse possível investir em projetos de energias renováveis, rentabilizando as poupanças pessoais, ao mesmo tempo que se promove a sustentabilidade global? Ou se fosse possível contratar eletricidade com uma entidade da qual se é também proprietário? E se pudesse aceder a informação sobre como melhorar o desempenho no uso da energia ou apoio, informativo ou de outra natureza, para que possa ser produtor de energia?
Foi para dar resposta a esta necessidade que surgiu a primeira cooperativa Portuguesa de energias renováveis – Coopérnico – fundada em novembro de 2013 por um grupo de 16 cidadãos com diferentes experiências e percursos profissionais. Mas o que em Portugal é pioneiro é já muito mais comum além fronteiras, pois existem mais de 2500 cooperativas de energia renovável na União Europeia.
Cada uma destas cooperativas assenta numa comunidade de cidadãos, empresas e outras instituições com vontade de contribuir para um novo modelo energético, social e empresarial e que acreditam que esta é a melhor solução para aplicarem as suas poupanças investindo em pequenos projetos de energias renováveis, ou contratando eletricidade ou outros serviços conexos a uma estrutura gerida de forma democrática, transparente e responsável.
As cooperativas surgem como uma das faces de um novo paradigma energético onde ser apenas comprador e utilizador de energia, já não é suficiente. É para quem sente esta necessidade que surgiu a Coopérnico, que procura, com as suas iniciativas, gerar benefícios em todas as dimensões do conceito de sustentabilidade.
Trata-se de um modelo inovador e em crescimento em Portugal e na Europa e que se espera possa ser uma inspiração para o fortalecimento da intervenção da sociedade civil na construção de um futuro sustentável”.