Portugal vai a votos, votou, não votou. Confesso que não me interessa particularmente o sentido do voto mas sim a necessidade do voto e a participação no ato eleitoral. E naturalmente, para além da consciência cívica como cidadão, hoje é-me particularmente relevante o que se passa com as nossas comunidades emigradas e os portugueses residentes no estrangeiro.
Temos, ao longo do último ano e nas páginas da Port.Com, abordado a questão do voto dos círculos da emigração e do reforço dos direitos políticos dos nossos cidadãos, independentemente do espaço geográfico onde se encontram a viver e a trabalhar.
Porque Portugal somos todos nós, os que estamos aqui, mas também os milhões de emigrantes que por esse mundo fora espalham a alma lusa. E que também votam, devem fazê-lo, mas, na verdade e até hoje, a sua participação eleitoral sempre foi muito reduzida.
Saudámos a relevância da medida do recenseamento automático para todos os portugueses residentes no estrangeiro. É as- sumido que o atual Governo fez uma aposta clara no reforço dos direitos políticos dos emigrantes e aprovou um quadro legislativo que, desde logo, aumentou o número destes inscritos nos cadernos eleitorais de um universo de cerca de 300 mil para mais de 1,3 milhões de eleitores. Mas os riscos envolvidos também são grandes pois se o aumento do número de votantes não for, de facto, expressivo, muitos temem que “as vozes po- líticas” que defendem a não participação dos emigrantes na vida política nacional voltem a ganhar força.
Na verdade – e aplica-se a todos os nossos cidadão emigrados – só podemos exigir se assumirmos a responsabilidade daquilo que nos é exigido, ou seja, participar eleitoral- mente nos destinos que queremos para o nosso futuro. E, neste contexto, faz parti- cular sentido uma exigência, a de aumentar o número de deputados eleitos pelos dois círculos da emigração, da Europa e Fora da Europa. Não se compreende num país, com a força que representa hoje a sua diáspora, se mantenha o mesmo número de deputados que mais diretamente possam representar os seus interesses inalterado desde 1976, ano das primeiras eleições legislativas. Só pode ser por inépcia ou, indo mais longe, por razões de natureza politica que ninguém até hoje ousou explicar