A maior parte dos portugueses emigrados na Suíça já têm as viagens de avião compradas para virem a Portugal no Natal. A decisão de obrigatoriedade de uma quarentena de 10 dias no regresso é um balde de água fria.
Os telefones do Consulado de Portugal em Genebra não têm parado. Os portugueses querem saber informações, decidir o que fazer perante a decisão da Suíça exigir um teste negativo e uma quarentena de 10 dias a quem chegue de Portugal.
“Ontem, quando souberam da notícia, havia aqui gente em lágrimas, é muito complicado”, conta Hugo Lopes. Hugo é funcionário numa empresa de distribuição de produtos portugueses na Suíça. Tem praticamente toda a família no país helvético e não vem a Portugal no Natal, mas percebe a desilusão de quem tem filhos e família no país de origem e se depara com estas restrições. “Eles sentem-se muito revoltados porque é muito complicado fazer a quarentena à chegada”, afirma. Explica que os colegas têm esperança que a situação mude até ao Natal e que “se na Suíça começarem a aparecer casos desta nova variante as restrições sejam retiradas”.
O Natal e fim de ano aproximam-se e a maioria dos portugueses já tem as suas viagens compradas para se deslocar a Portugal. Fazer uma quarentena de 10 dias à chegada para emigrantes que vivem do trabalho é praticamente impossível.
Trabalhadora num restaurante português em Martigny, Vanessa Gonçalves é mais otimista. Acredita que as restrições serão levantadas brevemente. “Eu esperava ir até Portugal e vou mesmo”, afirma convicta. Espera regressar depois das festas à Suíça. “No dia 10 de janeiro eles já acabaram com a quarentena”, afirma perentória.
Na página de Facebook dos portugueses na Suíça há centenas de comentários à notícia e há já quem esteja a criar uma petição para pedir à Suíça que retire Portugal dos países de risco.
Mas o presidente da Associação de Apoio à Comunidade Portuguesa na Suíça é mais moderado e percebe a atitude do país. Nuno Domingos lembra que sempre que a Suíça coloca Portugal na lista vermelha há reações de revolta. “As revoltas instalam-se e se calhar vão existir abaixo-assinados, como da última vez, para retirar Portugal da lista.” “Eu também tenho família em Portugal e gostaria muito de a visitar”, acrescenta. Mas, em seu entender “se todos pensarmos assim os casos não vão descer”, afirma.