Os tripulantes, reunidos em assembleia-geral desde cerca das 10h00 num hotel, em Lisboa, rejeitaram, pela segunda vez, uma proposta da TAP, que ia ao encontro de 12 das 14 reivindicações do SNPVAC, na tentativa de evitar uma nova greve de sete dias, depois de uma paralisação de dois dias, em dezembro, ter tido um impacto de cerca de oito milhões de euros na companhia aérea.
O presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) disse, à entrada para a assembleia-geral, que era “muito provável” que os tripulantes decidissem manter o pré-aviso de greve.
Antes, o dirigente sindical tinha tido uma reunião com o ministro das Infraestruturas, João Galamba, que, em nota enviada pelo gabinete, manifestou-se “convicto de que a assembleia-geral do SNPVAC dará um passo decisivo para a melhoria da situação dos trabalhadores e da companhia aérea, permitindo evitar uma greve de sete dias que causaria um grave dano à empresa”.
“Iremos discutir o documento, ouvir as opiniões de todos os associados e, no final, são os associados que irão tomar a decisão”, sublinhou Ricardo Penarróias.
Segundo o sindicalista, na reunião com o Governo, João Galamba “reforçou a sua confiança e o apoio à proposta da TAP”.
“Foi uma conversa construtiva, informal, sensibilizando para a importância do momento, a importância que uma greve poderá ter para a saúde financeira da empresa. Nós somos sempre sensíveis a isso”, disse o presidente do SNPVAC.
Questionado sobre as diferenças entre a proposta que está agora em discussão e a anterior, que foi reprovada, não conseguindo evitar uma greve de dois dias em dezembro, Penarróias disse que se trata de “questões muito técnicas”, como, por exemplo, o regresso de mais um tripulante aos voos transatlânticos, com mais de seis horas, que estavam a ser realizados com quatro elementos.
Para o sindicato, a ausência de mais um tripulante naqueles voos é “questionável” em termos de segurança e “miserável” em termos de condições de trabalho.
Ricardo Penarróias apontou ainda que o caso da indemnização de 500.000 euros à antiga vogal do Conselho de Administração Alexandra Reis também contribuiu para agudizar o sentimento de insatisfação dos tripulantes e restantes trabalhadores da TAP, o que poderá influenciar o resultado da assembleia-geral de hoje.
O dirigente sindical referiu também que houve avanços nas negociações com a empresa. Resta saber se serão suficientes para os tripulantes, para evitar uma nova greve na companhia aérea.
Greve dos tripulantes da TAP irá cancelar 1.316 voos
A TAP anunciou que a greve dos tripulantes, prevista para o período entre 25 e 31 de janeiro, levará ao cancelamento de 1.316 voos e gerar um impacto direto de 48 milhões de euros, segundo um comunicado.
“Com esta nova paralisação serão cancelados 1.316 voos e afetados 156 mil passageiros, o que representa um custo total direto estimado de 48 milhões de euros (29,3 milhões em receitas perdidas e 18,7 milhões em indemnizações aos passageiros)”, destacou a TAP.
A transportadora prevê ainda “perdas de 20 milhões adicionais devido ao impacto potencial nas vendas para outros dias e à sub-optimização de outros voos, com passageiros reacomodados”.
Na mesma nota, a companhia destacou que “como já referido pela CEO [presidente executiva], estava a ser analisada uma recompensa a todos os trabalhadores da TAP, na sequência dos resultados obtidos, e que, brevemente, seria anunciada e que fica agora posta em causa”.
Na terça-feira, Christine Ourmières-Widener disse, numa mensagem aos colaboradores que a TAP ia investir 48 milhões de euros em remunerações aos trabalhadores, “para alívio dos cortes salariais”, tendo registado, no ano passado, uma “das maiores receitas da sua história”.
Os associados do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) rejeitaram, em assembleia-geral, a proposta da TAP e decidiram manter o pré-aviso de greve entre os dias 25 e 31 de janeiro, segundo fonte oficial.
No comunicado hoje divulgado, a TAP lamentou “profundamente” esta decisão e “as graves consequências que a mesma terá”.