A importância de criar condições para que a geração mais qualificada de sempre possa ficar em Portugal marcou presença de forma muito expressiva no 23º Congresso do PS, que se realizou em Portimão no final de agosto. O tema ganhou uma particular acuidade a propósito da última crise económica e financeira que se iniciou em 2008, que levou a que muitos desses jovens deixassem o país à procura das oportunidades que não encontravam em Portugal.
Apesar de no encerramento do congresso do Partido Socialista o secretário-geral e Primeiro-ministro, António Costa, ter aproveitado para passar um conjunto de mensagens muito importantes dirigidas às famílias e às perspetivas de desenvolvimento económico futuro, uma das mais marcantes foi a referência aos jovens, o que ocupou uma parte importante da sua intervenção.
Considero particularmente relevante as referências que fez à evolução que nos últimos 25 anos se registou no nosso país, desde o tempo em que o então primeiro-ministro António Guterres exprimiu a sua paixão pela educação. E a verdade é que houve uma evolução notável ao nível das qualificações dos portugueses que vale a pena conhecer, para que tenhamos melhor a consciência do percurso que foi feito.
Há 25 anos atrás, apenas 45,1% dos jovens entre os 20 e os 24 anos tinham o ensino secundário completo. Hoje, esse número passou para 85,3 por cento, um percurso notável que merece ser assinalado, porque é pela formação que o país se desenvolve e cria melhores condições de vida.
Já no que diz respeito ao ensino superior, há 25 anos apenas 13,4 por cento dos adultos com idades entre os 25 anos e os 34 anos tinha completado os estudos superiores. Hoje, a percentagem mais do que triplicou e são 41,9 por cento os adultos que os concluíram. Que grande caminho percorreu o país e como isto é importante para termos uma sociedade mais dinâmica, criativa e inclusiva. Melhor formação é garantia sempre de melhores salários, melhor qualidade de vida e mais oportunidades.
Aquele que sempre foi um dos nossos maiores défices, o da educação, apresenta hoje valores quase ao nível dos da União Europeia e representa uma das maiores mudanças estruturais que o país teve. Mas é preciso continuar este esforço para aumentar a percentagem de jovens com o ensino superior completo e apostar na formação. E António Costa está bem consciente disso, como o demonstrou em Portimão, criando condições para que os jovens tenham mais estabilidade na sua vida pessoal e profissional.
No passado, na sequência da crise de 2008, assistimos também à emigração dos jovens qualificados, que na altura chocou o país pelo facto de ter sido, inclusivamente, incentivada pelo primeiro-ministro de então, Passos Coelho. Hoje o Programa Regressar, que António Costa também anunciou que seria prolongado e que tem sido um sucesso, tem trazido de volta ao país muitos desses jovens que então partiram empurrados pela crise económica e financeira e pela falta de oportunidades.
E é precisamente isto que o Primeiro-Ministro disse que não quer que se repita, isto é, que, depois do extraordinário investimento do país e das famílias na formação dos seus filhos, eles tenham de novo de partir à procura de melhores oportunidades. E por isso disse que, uma das prioridades da ação do Governo agora será agora garantir que esta geração altamente qualificada tenha todas as condições para continuar a viver e trabalhar em Portugal.
E, de facto, este tem de ser um dos desígnios estratégicos do país.
Paulo Pisco
Deputado do PS