Acabámos de tomar conhecimento de uma nota informativa do Governo em que é divulgada a realização de concursos para a admissão de 102 funcionários para os serviços diplomáticos e consulares.
Por si só, esta decisão, divulgada depois de se saber que dentro de dois meses e meio se realizarão eleições legislativas, depois de um ano em que apenas um concurso se realizou para a contratação de um único funcionário, já cheira à mais profunda demagogia eleitoralista.
Porém, a nossa indignação aumenta quando, consultado o portal diplomático onde tais concursos são divulgados, à data em que estas linhas são escritas e quando foi publicada a referida nota de imprensa, nos apercebemos que apenas estão abertos procedimentos concursais para 24 novos funcionários…
Para já, não são os 102 referidos na nota informativa, mas apenas 24!
Porém, quem acompanha estas questões e, sobretudo, os utentes dos postos , sabe muito bem que não há memória de os atrasos no atendimento serem tão graves como hoje.
A situação nos grandes postos da rede é de perfeito desastre, havendo vários casos em que os utentes, pura e simplesmente, não conseguem obter um simples agendamento para um cartão de cidadão ou um passaporte em menos de 6 meses.
Claro que tal deveria ter obrigado o Governo a tomar estas decisões não hoje mas, pelo menos no início do corrente ano, dando respostas aos problemas que já então se notavam e para que muita gente, incluindo nós próprios, vinha chamando a atenção.
Por outro lado, não se compreende também por que razão países como o Brasil, a África do Sul ou o Canadá, a título de mero exemplo, onde os problemas de atendimento são gravíssimos, são contemplados com um número tão reduzido ou mesmo nulo de novos recursos humanos…
Sinceramente, até parece que o Ministério ignora totalmente a situação real que se vive no terreno e as gritantes dificuldades que sentem os portugueses residentes no estrangeiro, particularmente nos países de emigração histórica transoceânica.
Assim não! Assim parece valer tudo para tentar iludir as pessoas, procurando fazer crer que estão a ser tomadas medidas, quando apenas se reage demagogicamente a reboque do calendário eleitoral.
O que mais aí virá!…
Basta de demagogia!