O Estado, os diferentes Governos e as empresas nacionais, nunca souberam comunicar com a emigração portuguesa e fazem pouco esforço nesse sentido, desconhecendo, ou talvez não, a importância de um nicho de mercado em termos sociais, económicos e políticos.
A comunidade portuguesa no mundo conta com 5.315.824 pessoas, cujos principais países de fixação são: Estados Unidos da América, Brasil, França, Canadá, Suíça, Venezuela, Reino Unido, África do Sul, China (incluindo Macau e Hong Kong) e Alemanha.
Os emigrantes portugueses no estrangeiro enviaram, em 2020, segundo dados do Banco de Portugal, remessas totais no valor de 3.612,9 milhões de euros, menos 1,3% em relação ao ano anterior, interrompendo um ciclo de subidas que durava já há uma década.
A gritante fata de comunicação e informação do Estado, das empresas portuguesas e a imagem que os portugueses têm dos seus emigrantes, faz com que estes sintam, cada vez mais, um forte sentimento de serem rejeitados pela sociedade portuguesa e explica a fraca cooperação económica entre os empresários portugueses e os da diáspora.
No entanto, a relação dos emigrantes com a “mãe pátria” é ambígua: se não existem dúvidas que os portugueses residentes no estrangeiro têm um orgulho afirmado em relação a Portugal, existe, todavia, desprezo em relação ao Estado Português e indiferença a marcas de produtos e serviços nacionais, pela forma como são tratados.
O decréscimo das remessas em 2020, e a mesma tendência verificada no primeiro trimestre de 2021, os constantes problemas para obter um simples documento em qualquer Consulado, a fraca adesão dos emigrantes aos atos eleitorais, são reveladores da fraca motivação para com o seu país. Tudo por falta de vontade política, organização, modernização dos serviços consulares e, sobretudo, de uma comunicação eficaz e de proximidade com estes cidadãos.
Quanto às empresas nacionais, continuam a praticar a política de “mercearia” sem qualquer objetivo ou estratégia de negócio, sem comunicação para os mercados, a nível de empresas e consumidores. que permita a implantação, expansão e comercialização dos produtos portugueses nos diferentes países de acolhimento., aumentando as exportações portuguesas.
A revista Comunidades, presente transversalmente em todas as comunidades portuguesas, procura promover informação de Portugal, empresas e marcas nacionais junto da emigração portuguesa, fornecendo também conteúdos editoriais para publicações da Diáspora. Temos atuado, ativamente nesta área, com algumas das publicações mais influentes em diversas comunidades, substituindo-nos à comunicação de empresas e sucessivos Governos.
Com os efeitos económicos causados pela crise da Covid-19 orgulhamo-nos de ter conseguido manter um projeto que se iniciou em 2014 (Port.Com) e que em muito tem contribuído para a informação de um Portugal moderno, empreendedor e acolhedor junto dos portugueses e lusodescendentes que vivem e trabalham no estrangeiro.
Recorde-se que atualmente a revista Comunidades é a única publicação em língua portuguesa presente, transversalmente, nas principais comunidades portuguesas no estrangeiro.
Trata-se de um projeto totalmente independente e que nunca beneficiou de qualquer tipo de apoios por tarde do Estado ou qualquer outra entidade, no que concerne a financiamentos, subsídios ou outras formas de ajudas, sobrevivendo apenas pelo seu trabalho e apoio de marcas nacionais que confiam neste projeto para comunicarem com os seus clientes nos mercados internacionais da diáspora.
Esperamos mais compreensão, por parte do Estado, Governo e Empresas, em evoluírem na comunicação com a emigração portuguesa, de forma a que estes portugueses se sintam também nacionais de “primeira” e ajudem a melhorar, com os seus apoios, nunca negados, à recuperação económica da crise que temos estado a passar em Portugal.