Por muitas décadas a forma da diáspora manter contato com a família era pelos CTT. Depois veio o mail para alguns mais alertas e, finalmente o telefone e o Whatsapp. Mas ainda há alguns que preferem escrever com a caligrafia que os personaliza (ah, a letra da vovó…) e às vezes precisam enviar documentos.
Em todo o mundo, com raríssimas exceções, os CTT são um serviço público que, nalguns casos, usam espaços municipais ou lojas privadas para facilitar o contato com clientes em locais distantes ou de muita procura. O serviço destas lojas é avaliado pela ANACOM de lá, que obriga os CTT a mudar o espaço, se reclamado. E, claro, como serviço público, é controlado pela tutela.
A troika obrigou Portugal a muitas alterações que só beneficiaram alguns fundos de investimento. O que tinha Champaulimaud e a Goldman&Sachs de experiência em CTT? Esta queria, não conseguia, formar um banco próprio na UE. Ao ficar com a maior parcela das ações com direito a voto na privatizada CTT a G&S ficou com a cereja do bolo, o Banco Postal, que dá ótimos lucros. E o então Vice-PM foi lá ser um bem remunerado consultor ao sair do governo.
Após fechar centenas de balcões, essenciais para a população idosa e da diáspora, despediu milhares de gentis empregados, o que acarreta há anos filas enormes nos que ainda tem. Elevou as tarifas de forma inconcebível e piorou os serviços.
Antes, por exemplo, pacotes, livros, etc, registados, se ao chegar ao destinatário em Portugal ele não estivesse em casa, o carteiro deixava um aviso, e no dia seguinte podia ser levantado num balcão. Agora enviam pelo mail um aviso para este pagar €2 e receber orientação para buscá-lo. Com aquele número, sem o pagamento antecipado, a empregada do balcão não identifica o pacote. Mas várias vezes destinatários receberam informação falsa e, ao reclamar, o CTT diz que nada pode fazer. Mas então, desprezam o cyber-security? Deixam enganar milhares de idosos pelo nosso interior?
Agora são constantes as reclamações dos que têm parentes na América do Sul e África. Quando se envia um documento ou pacote expresso, pagamos €56 com a garantia verbal de chegar lá entre 4 e 6 dias, até 8. A remessa sai no mesmo dia, chega a Lisboa no dia seguinte, mas só chega ao país de destino, não a cidade de destino, 13 dias depois!!! Então que expresso é este?
Os idosos cá, instados pela diáspora do Brasil, da Venezuela, África do Sul e não só, reclamam, a ANACOM nada faz. Ao reenviar a reclamação às concecionárias de telecom e cartas, se satisfaz quando estas enviam textos-padrão ao reclamante, mesmo ao ignorar o conteúdo da reclamação. Nada muda, só piora.
Afinal, Portugal está na Europa, a seguir as boas práticas Norte-europeias, ou no terceiro mundo, onde “quero, posso, mando”?
YES, WE CAN! Dar o poder da ANACOM à DECO, ao utente, à sofrida diáspora!