Desde há muito tempo que acompanho e me envolvo nas discussões sobre a afirmação da Língua Portuguesa no Mundo. É um debate apaixonante, com conclusões nem sempre óbvias, que tem ajudado a encontrar caminhos e estratégias com mais ou menos sucesso.
A questão de fundo é que não basta reconhecermos que fazemos parte de um universo linguístico que envolve bem mais de 250 milhões de falantes e com um potencial político, cultural e económico extraordinário. Até aí estamos todos de acordo…
O essencial é sabermos encontrar consensos para a definição de uma política de Língua que seja efetivamente prioritária no contexto da nossa política externa, com as necessárias implicações na ação de todos os nossos órgãos de soberania.
Não se pode olhar para a divulgação e a aprendizagem da Língua sem termos em consideração a globalidade da nossa política cultural no plano externo e também interno, bem como a necessária interação com a nossa diplomacia económica.
Convenhamos que há muito para fazer, independentemente da natural diferença de opiniões entre os protagonistas.
Em qualquer caso, importará reconhecer aspetos que me parecem evidentes…
Os responsáveis pelas políticas culturais e de Língua não podem ser identificados por meras conveniências corporativas ou mesmo políticas, sendo fundamental selecionar pessoas com um real conhecimento desta realidade.
Por outro lado, o Instituto Camões não pode igualmente ser olhado como um dos parentes pobres do Ministério dos Negócios Estrangeiros, devendo assumir um papel bem mais visível do que tem tido no universo da nossa diplomacia. Acho que um orçamento de pouco mais de 50 milhões de euros para os fundamentos das nossas políticas de cultura, Língua e cooperação deixará muito a desejar, hoje ou no passado.
É igualmente fundamental levar mais longe o nosso esforço para afirmar o Português como língua de trabalho nas maiores organizações internacionais, incluindo as Nações Unidas, em pé de igualdade com os idiomas aí já adotados.
Importa também ter em conta que todo o setor do ensino do Português e das escolas portuguesas tem de privilegiar a qualidade, garantindo-se, tanto quanto possível, a interação entre responsáveis, apostando-se mais num verdadeiro programa de incentivo à leitura, rentabilizando-se as novas tecnologias e o ensino à distância lado a lado com o ensino presencial, desenvolvendo em simultâneo o ensino integrado e o ensino paralelo, aumentando os mecanismos de avaliação e de certificação, desenvolvendo novos modelos de formação de professores, aumentando a investigação no domínio da produção de manuais e materiais específicos e, claro está, garantindo um maior envolvimento de todos os países lusófonos nestas políticas.
Sinceramente, acho que já se fez muita coisa boa neste domínio, mas também temos todos de reconhecer as imensas omissões e erros cometidos…. Pela minha parte, assumo os meus, independentemente das circunstâncias que rodeiam cada experiência governativa.
Quero também ter fé que o novo Secretário de Estado da Comunidades Portuguesas, sendo como é um professor, poderá e deverá dar um contributo importante para esta importante área da divulgação e do ensino da nossa Língua.