Noutros países há Conselhos da Cidadania ou Mundiais, ligados ao PM, Ministro dos Negócios Estrangeiros ou Ministro da Economia que visam integrar melhor a nova diáspora no país de residência e também manter laços culturais com o de origem. Até associações, ONGs. Em muitos existe o Conselho Economico, com empresários da diáspora, para aumentar as exportações do país de origem.
Por exemplo, na Suécia, o Conselho de Exportação tem empresários vindos de outros países e ali residentes, pois têm/tiveram bons contatos económicos nas suas regiões. Muitos foram ou ainda são ativos na diretoria de associações ou consultores e têm contato com empresários de muitos setores. Tenho a honra de participar de vários desses.
A diáspora lusa tem líderes empresariais em muitos países. Os seus avós ou pais, deixaram um Portugal pobre, exploraram bem o potencial das regiões onde se estabeleceram, a geração dos -40 ou -50 aproveitou o progresso do pós-guerra para crescer e hoje os seus netos ou bisnetos já quase na reforma, têm posições invejáveis nesses países, que muito poderiam ajudar as nossas exportações.
José Rodrigues Grou, que foi da Figueira da Foz em 1893 para a região entre Amparo e Bragança Paulista, a 3h de São Paulo, tornou-se mestre-linha da ferrovia Mogiana. O seu filho António, fez um curso industrial e tornou-se mecânico de locomotivas. A sua filha Lucilla casou-se com o coronel Bueno, também Português, rico fazendeiro, fundador de Jaguariuna. Os filhos, com grandes herdades, conhecem vários grossistas e industriais da região.
David Bento, de Trás-os-Montes, em 1893 foi, ainda jovem, para a mesma região. Tornou-se grande comerciante de café. Casou com a filha de uma indígena, Maria de Souza. Faliu na crise de 1929. O filho, Irineu, ainda jovem, estudou marcenaria e casou com Aurora Grou. Foi para outra cidade, na juventude e aliou-se a filhos de outros emigrantes que fizeram uma fábrica de mobiliário que muito expandiu. Os filhos são professores universitários, professores de medicina, conhecidos e respeitados profissionais. Sobrinhos vereadores e comerciantes. Eles têm contato com investidores e empresários de vários setores.
Ao enriquecer, Grou, Bueno, Bento e muitos outros queriam manter os laços culturais com Portugal. Formaram um clube, depois transformado num centro cultural, sendo hoje um grande hospital, em Amparo.
O mesmo ocorreu em São Paulo, onde os melhores hospitais privados foram fundados pela diáspora estrangeira, como o Beneficência Portuguesa, o Sírio-Libanês, o Einstein.
O esforço e a resiliência dos bisavós e avós chegaram aos netos e bisnetos que labutaram e estudaram por décadas para se tornarem profissionais ou empresários de destaque. E que hoje sentem que devem algo aos países dos seus antepassados e que certamente nos ajudariam a exportar mais. Yes, we can – together!