As comunidades portuguesas são um universo extraordinário, rico na sua diversidade, mas convergente na força da ligação ao país. Os portugueses no mundo são muitos e estão bastante dispersos, o que naturalmente dificulta o conhecimento sobre a sua situação, mesmo que se possa afirmar com alguma segurança que o conhecimento que o país tem da sua diáspora até é bastante razoável. Mas basta pensar em todos os nossos compatriotas que estão em regiões mais distantes dos grandes centros e que, por isso mesmo, nunca, ou pelo menos raramente, são alvo das atenções dos poderes públicos nacionais.
Muito provavelmente estes portugueses que estão em sítios mais inacessíveis até gostariam de ser visitados por representantes oficiais, desde logo, para não se sentirem tão esquecidos, mas também para poderem partilhar os seus problemas e expetativas relativamente ao país de acolhimento e a Portugal. Daí também que o mapeamento generalizado das nossas comunidades seja fundamental para criar uma maior relação de proximidade.
Apesar da estrutura de consulados portugueses procurar acompanhar os fluxos migratórios, é impossível ter um posto em cada região. Em França, Alemanha, Suíça, Estados Unidos ou Canadá e em tantos outros países, os portugueses estão por todo o território, muito dispersos. Por vezes até estão organizados em associações, mas o facto de estarem distantes dos grandes centros faz com que não sejam tão visitados.
Em França não deve haver um município, seja em que parte do país for, que não tenha um português ou um lusodescendente. Na Suíça, não há nenhum cantão que não tenha portugueses. O Luxemburgo tem cerca de 17 por cento de portugueses no total da população e em Andorra serão cerca de 11 por cento, isto, tanto num caso como noutro, sem contar com os luxemburgueses andorranos de origem portuguesa.
Neste contexto, o papel das associações deve ser sempre valorizado e posto em evidência, pela importância que tem para as comunidades. Elas dão existência à comunidade, são um polo agregador, um lugar de encontro, de discussão e de entre ajuda e desempenham, por isso, um papel insubstituível de apoio, representação e defesa da língua e cultura. Tal como os órgãos de comunicação social das comunidades, que desempenham igualmente um papel insubstituível de informação, mas também consciencialização, de promoção e de identificação dos membros da comunidade e das suas atividades.
A verdade é que, por uma questão prática, o hábito é que as visitas oficiais se façam sobretudo às cidades onde existe maior concentração de portugueses, deixando as muitas outras regiões mais desamparadas. As permanências consulares, por exemplo, são uma forma de encurtar distâncias visto que se realizam em regiões mais distantes dos grandes centros, mas apenas para resolver questões administrativas e não para partilhar os encontros da comunidade e as suas preocupações.
Por isso, é importante para quem tem a missão de representação ter presente que há muitos portugueses que gostariam também de sentir que não são esquecidos pelas autoridades oficiais. Por outro lado, seria também muito importante que as associações tivessem o hábito de as convidar a participar os seus eventos, o que aumentaria certamente as possibilidades de encontro e partilha.
Agora e sempre, fazer com que a nação portuguesa se sinta una e próxima, a que está dentro e a que está fora das fronteiras do país, deve ser um desígnio nacional das instituições, órgãos e decisores públicos. O que é uma excelente forma de contribuir para combater o sentimento de isolamento, mas acima de tudo conhecer melhor o sentimento das comunidades em relação ao país de acolhimento e em relação a Portugal.
Paulo Pisco
Deputado do PS