Numa altura em que a música tem tido um papel fundamental para nos ajudar a ultrapassar as limitações impostas pela pandemia, convidamos os leitores a encontrar a magia da harpa de Eduardo Raon.
Eduardo é um músico de origem portuguesa a viver e trabalhar entre Lisboa e Ljubljana, na Eslovénia.
Embora com uma educação clássica em harpa, o Eduardo tem tocado música de vários sabores, desde o contemporâneo e experimental, ao rock e ao eletrónico. Colaborou com muitos artistas portugueses que todos conhecemos, como Maria João e Mário Laginha, Deolinda, Rita Red Shoes ou Hipnótica, e tem tido espetáculos um pouco por todo o mundo, desde Viena a Macau.
As criações mais recentes incluem composições jazz com o pianista Luís Figueiredo e o contrabaixista João Hasselberg, uma composição para o Teatro das Caldas da Rainha, o novo álbum “Baumgarten” fruto da colaboração com o conhecido músico austríaco Wolfgang Schlögl (I-Wolf), e a performance “Onírica” com artistas chineses, finlandeses, austríacos e espanhóis. Um dos seus mais recentes espetáculos em colaboração com vários outros músicos, principalmente pianistas, aconteceu no final de agosto no importante festival de cinema de Bolonha, Il Cinema Ritrovato.
O instrumento de eleição é pouco comum entre a música jazz e pop em que Eduardo se tem enquadrado. É sempre uma agradável surpresa, especialmente nos seus diversos espetáculos, deslumbrando os públicos mais variados.
A harpa chegou-lhe por acaso, aos 17 anos por desafio de um amigo que aprendia no conservatório de música em Lisboa. Chegou a Ljubljana em 2006 para tocar no festival Mesto Žensk (Cidade das Mulheres) e foi ficando. Tem sido um membro ativo da Comunidade Portuguesa na Eslovénia, principalmente no que diz respeito aos esforços que têm sido feitos na prática do Português como Língua Materna.
Contribuiu com uma fascinante composição musical sobre os desafios das nossas crianças que crescem entre duas (ou mais) línguas, apresentado em 2017 no primeiro Simpósio do Bilinguismo em Ljubljana. O seu álbum ‘On the drive for impulsive actions’ exibe caminhos que em harpa eram ainda desconhecidos, e reflete nele essa paternidade que se vive fora da terra mãe, que muitos partilhamos.